Ato na ABI marcou marcou divulgação de relatório e plebiscito do GT do Ensino Médio (foto: Marcelo Mesquita)
Sepe realizou ato na tarde desta segunda-feira (09), no auditório da ABI, para apresentar os dados da pesquisa e do plebiscito realizados pelo Grupo de Trabalho (GT) do sindicato que discute o ensino médio na educação pública estadual do Rio de Janeiro e propõe políticas para a criação de um currículo democrático e inclusivo para as escolas da rede, em oposição à reforma do ensino que criou o Novo Ensino Médio (NEM).
Presentes ao evento, a coordenadora-geral do Fórum Estadual de Educação RJ (FEERJ), professora Malvina Tuttman (Unirio), e o coordenador que assumirá o Fórum em 2025, professor Waldeck Carneiro (UFF), além de representantes de diversas entidades da educação.
Malvina, em sua fala, disse que estudou o material apresentado pelo GT: “de altíssima qualidade. Com ele, vamos mediar as discussões com o Estado”. Ela também convidou todas as entidades presentes a participarem do FEERJ: “Espaço importante de resistência”
O professor Waldeck cumprimentou o Sepe pela realização do debate, como também o estudo que foi feito pelo GT: “É muito importante fazer o debate sobre a importância da defesa uma grade curricular de formação geral inclusiva. O ENEM está sofrendo uma queda de participação devido à limitação do concurso e o menor envolvimento de estudantes carentes”.
A pesquisa e o plebiscito fazem parte do esforço do GT para que seja implementada uma nova matriz curricular no ensino médio das escolas estaduais, em que são garantidos, no mínimo, dois tempos de todas as disciplinas em todas as séries, contra o que vem sendo implementado pela Secretaria de Estado de Educação RJ (Seeduc).
ABERTURA DO EVENTO
O ato foi aberto pela diretoria do Sepe, por integrantes do GT e estudantes, que explicaram os motivos da criação do grupo de trabalho, desde o acordo composto na greve de 2023, em que a Seeduc se comprometeu em não retirar disciplinas da matriz, o que não vem cumprindo. A proposta de matriz curricular foi apresentada pelo GT e aprovada em assembleia da rede estadual.
Na abertura do evento, representantes dos estudantes denunciaram a exclusão que vem sendo causada pela atual matriz curricular. Eles foram unânimes em dizer que a mobilização da comunidade escolar é fundamental para a criação de uma grade curricular na rede pública mais equânime, em relação aos colégios privados.
Justiça curricular para os estudantes da rede estadual é o que quer o Sepe. A realidade hoje, nas escolas, é a de alunos sem matérias básicas como química, física, filosofia entre outras, o que amplia o fosso entre estudantes de escolas privadas e públicas.
Em seguida, o GT apresentou os dados sobre a matriz que queremos, fazendo a comparação entra grades da Seeduc com colégios de excelência, como o São Bento, 1º colocado no ranking nacional do ENEM e que não retira disciplinas da formação geral básica; comparou, também, com o Colégio Pedro II e com o Colégio Itapuca (Niterói). Em todas as comparações, foi comprovada uma enorme diferença entre as grades.
Os dados mostram que a matriz bancada pela Seeduc impacta e prejudica a atuação do estudante no ENEM; mostram que o Novo Ensino Médio aprofundou as dificuldades que já existiam.
Além disso, o Brasil paga os piores salários entre os 40 países mais ricos (OCDE) e o Rio de Janeiro é o que paga o pior salário no País, trazendo um tremendo impacto negativo econômico, social e cultural para o nosso Estado.
Foi mostrado que a Seeduc pode ampliar a grade curricular, mas se recusa a fazê-lo e se isola da sociedade civil.
Em relação ao plebiscito feito pelo GT, professores e estudantes de 600 colégios estaduais participaram, com cerca de 3.500 votos; 97,4% dos votantes querem uma escola com justiça curricular e estão insatisfeitos com a matriz da Seeduc; apenas 2,6% querem manter a grade da Seeduc; 71% dos votantes foram professores e 20% de estudantes. O relatório final será apresentado em março de 2025.
REPRESENTANTES DE ENTIDADES
Em seguida, foi aberta a fala para os representantes de entidades, iniciando pela ABI, que cedeu o local, tendo falado o conselheiro Chico Teixeira “Temos enorme prazer de ceder nossa estrutura em defesa da educação pública”.
Vanderleia Aguiar, mãe de aluna da rede e diretora do Sepe: “É um crime o que estão fazendo com a juventude, com uma precarização que vem de todos os lados, seja na vida, seja na educação”.
Flávia Vianna do Fórum de Pré-vestibulares Populares RJ: “Seeduc comete um crime para com os estudantes da rede estadual. Inclusive a procura por vagas nos cursos em 2024 foi enorme porque a grade da Seeduc não dá condições para o estudante fazer o ENEM”.
Renata Aquino do Observatório Nacional de Violência Contra Educadores (UFF): “Estamos vendo uma grande violência contra os educadores e ao invés de o Estado ocupar o seu espaço exigido por lei, obriga a sociedade organizada a ter que atuar”.
Charles da França da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB): “Com o plebiscito e a pesquisa, o Sepe atua de forma democrática no debate sobre educação; é o contrário da atuação da Seeduc. Mas a retirada de disciplinas da grade está acontecendo em vários estados e não só no Rio. A AGB se coloca à disposição do Sepe nessa luta”.
Antônio Cláudio Menezes do Sindicato dos Sociólogos: “A grade curricular da Seeduc que veio com a reforma do ensino médio é um ataque neoliberal à educação pública e essa reforma veio junto com a reforma trabalhista de 2017 e com a reforma previdenciária de 2018”.
Tiago Esteves da Associação Brasileira de ensino de Ciências Sociais: “Não é uma luta só do Estado do Rio: sete estados já publicaram a grade curricular para 2025 com matrizes prejudicadas, trazendo perdas significativas para os estudantes. É importante ter um movimento nacional para ter todas as disciplinas em todas as séries do ensino médio”.
Alessandra Nicodemos da UFRJ e do Fórum EJA: “Quero saudar a iniciativa do Sepe. É importante que os professores e estudantes sejam protagonistas do debate. A garantia da equidade é a garantia de o jovem entrar na universidade. A luta por uma matriz curricular justa para todos também significa ampliar o universo de pensamento para cada cidadão”.
Márcia Alvarenga da Faculdade de Formação de Professores da UERJ: “Trazer dados é muito importante para a sociedade compreender o problema da grade escolar. Também parabenizo o trabalho dos cartunistas do EduCartun. Lutar pela justiça curricular é lutar contra o apartheid curricular”.
Andrea Cassa do “PODCassa” de mídia alternativa: “Qual o motivo que a Seeduc alega pra não implementar a grade curricular que o Sepe traz? A matriz da Seeduc traz precarização do ensino e a exclusão de nossos alunos“.
Marcio Franco da Feteerj (Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Estado RJ), que congrega os Sindicatos dos Professores (Sinpros) em todo o Estado: “A Feteerj representa o setor privado em torno do Sinpro. Defendemos a rede pública acima de tudo; na defesa de uma grade curricular justa e inclusiva. Temos q atingir a sociedade do porquê de nossas lutas”.
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