26 de abril de 2012


REPRESSÃO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO CIEP 415 – MIGUEL DE CERVANTES!

MANIFESTAÇÕES CONTRA A PROVA DO SAERJ SÃO “PROIBIDAS” DENTRO E EM FRENTE À ESCOLA.

DIREÇÃO AFIRMA QUE FOI ORIENTAÇÃO DO GOVERNO, MAS NÃO FOI POR ESCRITO!

A direção do SEPE/Itaboraí esteve na escola no dia da aplicação da prova do SAERJ. O adesivo “SAERJ NÃO!” já deixava evidente nossa posição. O funcionário da portaria afirmou que recebera orientações da direção para não permitir manifestações na porta da escola, inclusive de qualquer segmento da comunidade escolar. Também não poderiam entrar manifestantes na mesma. Se necessário chamaria a viatura para cumprir as determinações, conforme fora orientado. Procuramos então a direção da escola, responsável pela adoção das medidas repressivas.

REPRESSÃO INFORMAL
Ao recebermos a informação da proibição de manifestações procuramos a direção da escola. Argumentamos sobre a gravidade do fato, uma vez que vivemos em uma sociedade democrática e que a escola deveria refletir isso mais do que qualquer outra instituição. A direção afirmou ter sido uma determinação do governo estadual. Perguntamos então se foi por escrito. A direção disse que não, que foi verbal apenas. Isso é informalidade. As ações do Estado devem ser documentadas. A decisão de reprimir manifestações contra o SAERJ é, além disso, um atentado contra a liberdade de expressão e contra a lei.

DEFESA DO SAERJ E DO PROJETO AUTONOMIA: UMA DIREÇÃO QUE
CONVERGE COM O GOVERNO ESTADUAL
Em conversa com a direção ouvimos desta a defesa do SAERJ e argumentamos que as escolas têm realidades diferentes e que as avaliações externas não consideram fatores como as condições de trabalho e salário dos trabalhadores da educação. A direção afirmou que os professores recebem bem para o trabalho que fazem. Salientou ainda que o SAERJ ajuda a combater a evasão escolar e os alunos fantasmas. Também foi defendido pela mesma o Projeto autonomia como uma forma de combater a distorção idade-série. Discordamos das ponderações da direção e comunicamos que publicaríamos o acontecido em nossos materiais de divulgação. Achamos que este debate deve ocorrer nesta e em outras unidades escolares com a participação da comunidade escolar. Desde já nos colocamos à disposição. Seguem abaixo alguns dos nossos argumentos contra o SAERJ e o PROJETO AUTONOMIA.

ARGUMENTOS CONTRA A PROVA DO SAERJ

- Essa prova não foi elaborada pelos profissionais que atuam nas escolas mas por uma instituição externa. Não é para avaliar seu conhecimento do aluno. Na verdade com essa prova o governo tenta mascarar o abandono da rede pública estadual e o vexame que foi a colocação do Rio de Janeiro no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

- Alunos com formação diferente fazem a mesma prova. Ex: Alunos que não tiveram professor de matemática, de português, de ciências física e biológicas farão a mesma prova daqueles alunos que tiveram essas matérias regularmente.

- O governo ameaça não matricular no PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) os alunos que não fizerem o SAERJ. Não seria isso ilegal? O MEC não faz nenhum tipo de exigência dessa natureza? O governo não pode descumprir lei federal e já entramos no Ministério Público fazendo esse questionamento. Mas, é importante lembrar que os cursos do PRONATEC não dão nenhuma formação realmente técnica. São cursos bastante superficiais que na verdade garantem desvio de verba pública para empresa privada. Se essas verbas fossem destinadas às escolas públicas estaduais essas teriam condições de fornecer uma verdadeira formação técnica no nível do CEFET, CEFETQ. Etc.Isso sim seria investimento na educação de nossos alunos!

- Se o aluno quiser fazer a prova esse é um direito seu. MAS se não quiser fazê-la esse também é um direito que não pode ser ameaçado! Se isso acontecer o aluno pode procurar o Conselho da Infância e Juventude assim como O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE).Tentar convencer é uma coisa, ameaçar e coagir é outra bem diferente!

- Essa prova que está sendo aplicada agora será utilizada como instrumento do Plano de Metas somente em 2013.

- O que o governo não está dizendo é que o tal 14º salário somente será pago às escolas que atingirem TODOS os itens do Plano de Metas. Por exemplo: atingir 70% de freqüência dos profissionais de educação (Não poderão adoecer!); 95% de presença de alunos; 100% do currículo mínimo e outros itens absurdos!

- Em 2012 as escolas foram avaliadas de acordo com o Plano de Metas e até hoje ninguém sabe o resultado. Alguém já recebeu alguma remuneração extra do governo relativa ao Plano de Metas? Até agora o que temos é muita propaganda nos jornais e dinheiro virtual. Todos os ganhos que os educadores receberam foi graças à luta, a mobilização! Com a greve de 2011 garantiram o Plano de Carreira para os funcionários e Professores de 40h, enquadramento por formação, incorporação do Nova Escolas e etc. Só a luta tem garantido vitórias. Mais uma vez o governo tenta convencer a categoria, até mesmo com ameaças, a aplicar o Saerj. É um engodo, uma tentativa de mascarar a falta de investimento do governo nas escolas públicas estaduais.

- Os professores NÃO tem medo de avaliação. MAS uma avaliação que não leva em conta a realidade da comunidade escolar, que não foi realizada a partir de um projeto formulado pela categoria. É no mínimo uma avaliação autoritária que tenta mascarar o resultado do Rio de Janeiro no Ideb nacional, sem considerar àqueles que estão no cotidiano escolar.

PROJETO AUTONOMIA: EDUCAÇÃO REBAIXADA

  • Neste início de ano letivo, muitas escolas estaduais estão vivendo um verdadeiro caos. Sem qualquer diálogo com a comunidade escolar, a SEEDUC determinou o fechamento de turmas regulares e a abertura de turmas do Projeto Autonomia que utiliza a metodologia Telecurso da Fundação Roberto Marinho. Como estas telessalas utilizam apenas um professor por turma, o resultado é que vários professores, ao chegarem às suas escolas, simplesmente não têm mais turmas para lecionar e precisam, agora, mudar de escola, dividir seu tempo entre várias unidades, encaixar-se em horários já estabelecidos, etc. Centenas ou até milhares de professores estão vivendo um  verdadeiro calvário.
  • O primeiro aspecto que salta aos olhos é a falta de planejamento: as escolas atingidas terminaram o ano de 2011 com uma previsão de quantitativo de turmas regulares e agora em fevereiro essa previsão foi alterada com a diminuição das turmas regulares para criação das turmas de aceleração da autonomia. Professores que chegaram a participar do concurso de remoção e escolheram escolas, definindo horário e local de trabalho para o ano de 2012, agora se vêem sem escola e sem horário. Estes têm que alterar a vida de suas famílias porque a SEEDUC não se importa em implementar as políticas no tempo adequado para escolas, alunos e professores. Já está tudo organizado? Não importa. O que vale é o que a secretaria manda fazer!
  • Mais uma vez as decisões foram tomadas sem que a comunidade escolar fosse consultada e repetindo o erro tradicional destas políticas educacionais governamentais: são pedagogias de gabinete feitas sob encomenda para economizar recursos orçamentários educacionais e não para investir na melhoria da qualidade educacional. Também está em jogo a melhoria dos indicadores que compõem o IDEB: ao acelerar a formação destes alunos (que levarão apenas um ano para completar o ensino fundamental e 18 meses para terminar o ensino médio), o “autonomia” diminui a distorção idade-série e a repetência escolar, elevando consequentemente o IDEB. Mas, a que preço?
  • Aqui aparece o segundo aspecto a ser duramente criticado: mais uma vez, o professor é reduzido a um mero entregador de conhecimentos prontos, um simples mediador “genérico”, como afirma o próprio gerente do projeto na SEEDUC, Antônio Neto: "O diferencial é que cada docente vai orientar e mediar tarefas em diversas áreas do conhecimento, e o aluno terá a chance de participar ativamente".
  • Este aspecto está no cerne da metodologia do Telecurso. Ao professor, sobra apenas a tarefa de contextualizar o conteúdo e não mais produzir conhecimento. O educador auxilia a tecnologia a ensinar e não o contrário. Veja o que diz o site do projeto Telecurso:"O professor do Telecurso deixa de ser especialista em conteúdos específicos e passa a ser responsável pela contextualização do conteúdo do programa de acordo com a realidade de cada região brasileira".
  • A política educacional do economista Risolia é assim: para os alunos que enfrentaram as maiores dificuldades em sua trajetória escolar e precisariam de um atendimento de maior qualidade, oferece-se um aprendizado aligeirado e padronizado, travestido de moderno e de qualidade. Desta forma, a escola vai se tornando cada vez mais fábrica, onde o que importa é o “produto” chegar ao final da linha de produção no tempo previsto.

Um comentário:

  1. " A direção afirmou que os professores recebem bem para o trabalho que fazem." ACHO QUE A INFELIZ DA DIRETORA QUIS DIZER QUE OS PROFESSORES TRABALHAM MUITO MAL, QUE O QUE O GOVERNO ESTADUAL NOS PAGA (MUITO MAL) É CONDIZENTE COM O PORCO TRABALHO QUE FAZEMOS. Beincadeira! Ela é louuuuuuuca!!! Interditem-na!!!

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