A rede municipal do Rio de Janeiro está lançando uma campanha para salvaguardar a segurança de profissionais, alunos e demais membros das comunidades escolares contra a violência das operações policiais em favelas e bairros da periferia da capital. A campanha, denominada “Educador não tem peito de aço”, visa exigir da SME a suspensão das atividades escolares em casos de ações das forças de segurança nestas comunidades que resultem em tiroteios que ameaçam a vida dos professores, funcionários, alunos e demais moradores do entorno dessas áreas de conflito.
O Sepe defende que é responsabilidade da Secretaria de Educação a suspensão imediata das aulas em casos de confronto. Hoje, o órgão joga sobre as costas das direções das unidades escolares o fechamento das escolas e paralisação das atividades, atitude que resulta muitas vezes em situações perigosas, que deixam profissionais e alunos sitiados em maio ao fogo cruzado.
Dados da Associação Fogo Cruzado mostram que, de janeiro a junho deste ano, foram registrados cerca de 450 tiroteios em comunidades carentes da capital. Destes conflitos, que resultaram em 161 mortes e 243 feridos, 55% das vítimas foram registradas durante operações das polícias militar ou civil. Em todo o estado do Rio de Janeiro, a capital concentra 71% dos tiroteios e os bairros mais afetados atualmente são: Gardênia Azul (Jacarepaguá); Itanhangá (Barra da Tijuca); Maré (Zona Norte); Brás de Pina (Zona Norte); e Vila Isabel (Tijuca). Os dados mostram ainda que 76% das pessoas vitimadas na capital nos últimos anos eram adolescentes.
A violência policial nas áreas periféricas e favelas do Rio, provocando mortes de muitos adolescentes e pessoas negras já foi alvo de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), de autoria do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que além de limitar a realização de operações em comunidades do Estado do Rio de Janeiro durante a pandemia determinou que fosse apresentado um plano contendo medidas para a redução da letalidade policial e para o controle de violações de direitos humanos pelas forças de segurança no estado.
Mas até hoje as operações continuam sendo realizadas colocando as vidas destas populações em risco e o governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes nada fazem para impedir este verdadeiro massacre de pessoas que não têm nada a ver com as facções criminosas e são atingidas em meio à violência desmedida das forças de segurança. O Sepe lembra que a responsabilidade da integridade física do conjunto dos profissionais e alunos dentro das escolas sob fogo cruzado é da prefeitura. Assim quem responderá perante a Lei será o governo municipal. É hora de dar um basta às operações e as mortes nas comunidades!
Nenhum comentário:
Postar um comentário