por Paulo Cezar de Andrade
De repente um decreto do prefeito transformou nossas vidas. O direito ao vale-transporte foi suspenso! Loucura! Loucura! Loucura, até mesmo para a socialite e rainha do exibicionismo nacional; Narcisa Claudia Saldanha Tamborindeguy.
E agora o que fazer ? Uns gritam pelo Ministério Público como se este fosse o Tribunal da Santa Inquisição, outros , aos quais me incluo, dizem que foi uma medida antipática; ainda contamos com aqueles que já se decepcionaram e cogitam a ideia de pedir permuta. Mas o que me chama a atenção é o silêncio da grande maioria.
É o famoso bloco carnavalesco do Unidos do Em cima Muro. Eles ficam a sambar equilibrando-se com suas sobrinhas de frevo sobre a tênue linha do descompromentimento. De vez quando soltam um serpentina para o lado de cá mas logo depois jogam confetes no prefeito, numa atitude tipicamente de quem segue o gordão dos bolas murchas... Ora cantam que "neste palco iluminado só da lalau" para logo depois engrenarem na marchinha getulista: "Bota o retrato do velho outra vez, pode no mesmo lugar, o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar..."
Diante de tantas manifestações de neutralidade dúbia se faz necessário uma pergunta bem carnavalesca: "Que apito este pessoal toca?"
Enquanto o Sepe constrói alegorias marxistas e eu proponho enredos sobre a compaixão, boa parte da rapaziada fica de olho no patrocínio: "Quanto eu vou levar nesta?" São os que vestem a fantasia da invisibilidade, do eu não me envolvo com política, e ainda existem aquelas que só rodam a baiana na concentração, quando o assunto é rodar a baiana na frente dos jurados, intimidam-se, e perdemos pontos importantes na harmonia.
Outros ficam batucando protestos virtuais, mas na hora do vamos ver e botar o bloco na rua, lembram que sua religião não permite segurar o ritmo de um desfile por seus direitos...
O que impede a vitória é nosso espírito de segundo grupo. Não acreditamos que se os professores botarem pra quebrar não tem coreto que se sustente... Mas tememos a alegria. Estamos satisfeitos com uma subvenção que não torna possível nossos sonhos... Nos deliciamos em apenas ver a banda passar, em assistir o corso e o desfile das grandes sociedades. Não nos permitimos a alegria da conquista.
Quando é que vamos entender que nós, professores, somos os empurradores das alegorias... Nada, absolutamente nada, vai adiante se nós não assumirmos o nosso estandarte.
Ao pessoal da velha guarda, nosso respeito, mas sem vocês não há como
desfilar...
Chega de ensaios na quadra, basta de vestir as fantasias confeccionadas com papel crepom dada no ultimo momento para que o Municipio tenha o que mostrar nos jornais.
Como dizia Joãosinho Trinta: o povo gosta de luxo! E salário digno não é luxo, é uma necessidade... Primeiro exijamos nossas necessidades e depois busquemos o luxo, pois dinheiro existe.
Cansamos de empurrar alegorias, agora chegou a nossa vez de sermos destaque...
Vamos, chamem Lelê, chamem Lalá... Peguem no ganzê, peguem no ganzá e façamos a primeira revolução carnavalizante neste municipio.
Professores de Itaboraí inteira, peguem seus apitos, pois chegou a hora de derrubarmos o cordão de isolamento , pois como já dizia o poeta: "Quem sabe faz a hora não espera acontecer...."